Lembramos que se trata simplesmente de uma enquete, “não é em hipótese alguma pesquisa eleitoral”. Lembramos que nossas enquetes não são pesquisas oficias apenas pesquisa de opinião pública, não podendo ser utilizada ou divulgada em outros veículos de comunicação ou como instrumento de campanha. Por ser aberta a todos, onde podem votar, pessoas que não tem o titulo de eleitor em Cuiabá ou ainda não o possuem..

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Senadores e o Governo do Estado em Mato Grosso

Vinicius de Carvalho

   Ao observar o desempenho do senador Pedro Taques em seu mandato parlamentar e a frequente cogitação de seu nome como pré-candidato ao Governo do Estado em 2014, despertei para algumas reflexões. Como sempre procuro analisar neste espaço a política sob um enfoque sistêmico, com base na identificação de alguns padrões de comportamento, me detive um pouco em alguns aspectos: 1 - na relação entre os senadores e o cargo de governador de Estado em MT;   e 2 - o perfil de senadores semelhantes a Pedro Taques em outras legislaturas.

   Como se sabe as posições de senador e governador são muito articuladas, em função do limite mínimo de idade exigido pela Constituição Federal (35 anos), do mandato de oito anos, do caráter majoritário da eleição e do peso político do Senado, que reúne quase todas as competências da Câmara Federal e mais algumas privativas. Portanto, há tanto ex-governadores quanto pré-candidatos a governador com assento no Senado. Hoje, lá são 22 senadores que já foram governadores e 5 que se candidataram a tal posto. Isto num colégio de 62 titulares, em função dos 19 suplentes em exercício.
   No caso de Mato Grosso, esta relação não é tão simétrica como em outros Estados. Já fazem parte do folclore político as derrotas de governadores nas eleições para o Senado logo após renunciarem ao mandato no Executivo. Os casos de Arnaldo Estevão de Figueiredo (1950), Garcia Neto (1978) e, num período mais recente, Carlos Bezerra (1990) e Dante de Oliveira (2002) foram memoráveis aqui. O que a história de 1945 em diante mostra é que nenhum senador em exercício ganhou a eleição para o Governo do Estado, com exceção de Fernando Corrêa da Costa, em 1960, que já fora governador pela 1ª vez entre 1951 e 1956 e retornou a tal posição (1960).
   A maior tradição mato-grossense é ter o Senado Federal como a casa dos “ex-governadores”. Do período anterior à divisão, foram eleitos para o Senado após o mandato de governador Fernando Corrêa da Costa (1958/1966), José Fragelli e Pedro Pedrossian (1978), já em Mato Grosso do Sul. No pós-redemocratização, todos os ex-governadores titulares foram eleitos senadores após os seus mandatos, com exceção de Dante de Oliveira. Júlio Campos (1990), Carlos Bezerra (1994), Jaime Campos (2006) e Blairo Maggi (2010) atingiram tal marca.
   Por outro lado, houve senadores que se destacaram com sólidas carreiras parlamentares, o que me permite abordar o item 2 apontado na introdução deste artigo. Senadores como João Villasboas (1946-1962), Vicente Bezerra Neto (1963-1971), Gastão Müller (1979-1987), Roberto Campos (1983-1991) e mesmo Antero Paes de Barros (1999-2007) foram bem avaliados por sua atuação no Senado. Destacaram-se como bons elaboradores de projetos de lei, debatedores de questões nacionais e formadores de opinião naquela casa. Trata-se, portanto, de uma tradição na bancada mato-grossense, ao lado de outros senadores com perfil mais voltado para a articulação e liderança política, como Filinto Müller (1947-1973) e o próprio Jonas Pinheiro (1995-2007).
   Após a reflexão feita aqui fica a seguinte pergunta: O senador Pedro Taques conseguirá reverter a tendência histórica? O campo político mato-grossense vem sofrendo mudanças importantes, como já tive a oportunidade de apresentar. Eleições com três candidaturas fortes a governador quase gerando o segundo turno e a eleição de Blairo Maggi para o Senado ao final de seu mandato como governador comprovam a quebra de alguns tabus que tinham sido estabelecidos. Vejamos se, no aspecto apontado neste artigo, haverá reconfiguração ou valerão as tradições.
   Vinicius de Carvalho Araújo é gestor governamental do Estado, mestre em História Política, professor universitário escreve neste blog toda segunda-feira - vcaraujo@terra.com.br www.professorviniciusaraujo.blogspot.com

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